Histórias da Vovó: quando o amor nos espera...

domingo, 18 de dezembro de 2011
  Hoje, dia 18 de dezembro de 2011, eu vim para a casa da minha avó; e estávamos assistindo um filme, no qual aparecia um cão cuidando de um bebê. E a vovó começou a me contar a história... Era uma vez... haha' essa é de fatos verídicos.
 
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  Ela era muito nova, e tinha acabado de ter o bebê, sabe, a uns três ou quatro meses. Ela tinha apenas 23 anos, e entenda, era uma mãe SOLTEIRA, o que não era bem aceito na época; parece que o homem que a engravidou tinha... Uns 32, 33 anos, e assim como fez com tantas outras, a enganou, e deixou-a, sem se importar. Ela procurou por ajuda, até achar o irmão do homem, seu "cunhado(?)", que era casado, e já tinha dois meninos. Aliás, o bebê dela também era um menino.
  Ela morou lá pelos primeiros meses do filhinho. Queria encontrar um emprego, se sustentar, mas naqueles tempos, quem seria o empregador de uma mãe-nova, e ainda mais, uma mãe-nova solteira? Até que a mulher do irmão do pai da criança, nos encontrou: nossa empregada iria voltar para o Nordeste, e precisávamos de alguém, já que a casa era grande. Ela todo dia subia e descia aquela escadaria até nossa casa, várias vezes: para amamentar o menino. Assim, depois de alguns dias, eu ofereci a ela que levasse, depois do almoço, o menino lá para casa: para descer e subir menos, deveria estar cansada de ter o bebê.
  Assim, eu cuidava dele um pouco: ele era meio molinho, meio sonolento depois de mamar, não dava trabalho. eu arrumei a casa de empregada dos fundos, e coloquei um bercinho: e lá ele ficava, depois do seu "almoço", dormindo. Um dia, eu vi nosso cachorro, Shalon, indo para lá: disse "corre Luciana, que o cachorro está indo para lá!" mas ela respondeu "correr? Shalon cuida do meu menino". Eu fui conferir, e ao chegar perto do berço, quase fui mordida: só Luciana chegava perto da criança sob as vistas de Shalon.
  E então ela ia embora, como todo dia. E o ônibus demorava a passar... Enquanto isso, ela conversava com o chofer, que um dia me confidenciou estar apaixonado por ela; eu entendia: ela era uma morena alta, bonita, com os cabelos daquela atriz, Juliana alguma coisa (Juliana Paes). E eles ficaram amigos, até que um dia, ele se declarou para ela. Ela respondeu que também gostava muito dele, mas que com um bebê, morando na casa de pessoas praticamente estranhas, ela não tinha nem tempo nem cabeça para um relacionamento assim, menos sério.
  Menos Sério.
  Bom, eu acredito que ele realmente estava apaixonado, porque foi até a casa dos pais da moça pedir sua mão, casou-se com ela, constriu toda uma nova vida... Procurou pelo pai da criança para que ele assumisse-a, ao que teve como resosta "entã eu tenho muito filho para assumir nessa vida, o senhor não acha?". Sem coragem de não satisfazer totalmente a mulher da sua vida, ele registrou a criança como sua.
  Depois de alguns meses, eles decidiram voltar para São Paulo, onde morava a família dele. E ela chegou até mim, e me pediu para ler uma página do diário dela:
  "Ninguém sabe, mas por toda a minha vida eu vivi em um orfanato, e nunca fui aceita por família nenhuma. E acreditava que era adolescente, e por isso este seria o momento no qual mais precisaria de alguém cuidando de mim. Mas quando menos esperava, e quando mais precisava, encontrei minha família, pessoas boas, que me acolheram: Seu José e Dona Dina. Nunca me despedirei deles, pois mesmo que eu vá embora, nunca será um adeus: eles sempre estaram em meu coração...
  E então eu me virei para me despedir dela, e vi Shalon na varanda, olhando para o nada... E ao olhar para o mesmo nada, a vi, com seu bebê no colo, descendo a escadaria, em rumo ao destino, ao amor... A uma nova chance.

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BJS caramelados,

Patty

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