Família Cullen: capítulo 7

terça-feira, 23 de março de 2010
Jasper

Eu estava com aquela sensação estranha... parecia que algo ruim estava por perto.

Eu tentei me concentrar, dentre sentimentos bons e de cooperatividade, o ciúme, o ódio e a dor... nesse momento eu me desequilibrei...



Melinda

Estávamos conversando, e pedi a todos que me chamasse apenas de Mel. Eu preferia assim, afinal Melinda é estranho e longo demais.

Alice estava contando sobre uma firma de luvas cirúrgicas que estava com as ações em alta. Eu sorria, pois tentava não parecer tão burra e embora estivesse interessante, eu temia não saber responder a altura. Foi quando olhei para o moço, Jasper, ele parecia com dor. Minha reação involuntária foi dar um passo a frete e tocá-lo no ombro.



Carlisle

Estávamos tão envolvidos na conversa de Alice que só percebi que algo estava errado com Jasper quando Mel o tocou no ombro.

- Você está bem?

Eu me apressei e segurei Jasper esperando o pior.

- Calma Carlisle, ele parece confuso - Mel tentou me impedir de segura-lo com palavras, ela mal podia saber o real perigo que meu filho a poderia oferecer. - Pegue uma cadeira para ele.

Eu tive que atende-la enquanto torcia para Jasper não fazer o pior e para Alice tomar alguma atitude.



Alice

Eu me empolguei, não estava prestando atenção em ninguém, apenas nas ações médicas para tentar ter algum papo com papai e a Mel. Quando dei por mim, Jasper estava sendo amparado pela Mel. Pude ver, pela reação de Carlisle, que ele esperava o pior de Jasper, ou seja, uma carnificina sem tamanho. Que eu sinceramente não pude ver em nosso futuro. Aliás, todo o futuro pareceu nebuloso, como se eu estivesse presa em uma sala vazia. Naquele instante eu não via nada e não podia me mexer para não correr o risco de atingir os humanos ao meu redor.

Essa não... aonde foi que perdi todo o controle e não pude prever um ataque contra nós? Eu só podia esperar que na melhor das hipóteses eu estivesse errada e apenas estressada o bastante para estar presa naquela situação.



Mel

Carlisle pegou a cadeira para Jasper e ficou olhando para ele com pavor nos olhos. Definitivamente, os médicos agem como bobos quando seus parentes estão doentes... É uma reação natural.

Eu peguei um copo de água e dei para Jasper.

- Pegue, beba isso e me diga o que está sentindo.

Jasper ficou encarando o copo de água como se eu estivesse lhe dando veneno, depois ele olhou para Carlisle e bebeu um gole meio incerto do que fazia. Acho que ele pensou que poderia piorar tomando a água... não sei.



Jasper

Foi como um apagão de dor que durou um segundo e percorreu todo o meu corpo em uma velocidade assustadora. Eu me desequilibrei pela primeira vez desde que me tornei o que sou. Mel deu um passo à frente e me tocou no ombro, por uma reação assim tão rápida de uma humana, envolta em uma conversa no qual eu não participava tão ativamente, eu juro, não esperava. Quando dei por mim e senti seu toque, eu a olhei imediatamente e senti que alguém segurou meus braços.

- Você está bem?

Ela parecia totalmente e verdadeiramente preocupada, sua postura era a de alguém que estava preparada para qualquer emergência, embora ela não pudesse prever que tipo de emergência eu poderia causar com ela assim tão perto de mim.

Mas naquele momento, eu não podia reagir, eu não queria reagir, de fato, e quando fui segurado vi suas feições mudarem.

- Calma Carlisle, - eu já esperava que pudesse ser meu pai mesmo - ele parece confuso. Pegue uma cadeira para ele.

Eu senti Carlisle me soltar meio inseguro, ele pegou uma cadeira em velocidade humana rápida, mas vampira lenta.

Ela tocou no encosto da cadeira e amorosamente pediu para que eu me sentasse, ainda segurando com a outra mão em meu ombro. Ela parecia falar com uma criança confusa, e naquele momento eu realmente não me sentia mais do que isso, eram muitas emoções encobrindo algo ruim.

Me sentia um incapaz. Tive de obedecê-la e me sentar. Só então olhei para minha fadinha parada como uma estátua olhando o vazio, foi aí que percebi que talvez não fosse o único a ser atingido pela onda de sentimentos controversos. Talvez ela visse o que iria acontecer e não me deixaria fazer nada de errado. Eu sempre confiaria meu resto de humanidade a ela, a minha maior preciosidade era exatamente a companhia dela, e era por ela que eu teria que me tornar mais humano e não desistiria assim tão fácil. Só porque a humanidade tinha decidido ser mesquinha? Não! Eu resistiria, por ela... por mim... por nós.

Mel pegou um copo vazio e uma garrafa de água em uma mesa próxima a nós, ela abriu a garrafa e encheu o copo, mas não sentia sede vinda dela e foi ai que percebi que ela estava tendo uma reação corriqueira e totalmente comum entre os humanos de acolher e tentar fazer sentir-se melhor, para meu pânico interior a água era para mim... Ela me deu o copo e pediu para que eu bebesse. Agora sim eu estava enrascado. Não colocava nada em meu corpo que não fosse sangue desde que me transformei. O que eu faria?

Olhei para Carlisle como quem procura o que fazer, e ele me olhou de volta como quem diz para fazer o que lhe pedem mesmo que você não queira. Eu ainda tentei olhar mais fixamente para o copo tentando decifrar qual seria a saída para aquilo, pude notar Carlisle balançando a cabeça suavemente em movimentos de “sim” que quase se pareciam como movimentos involuntários para os humanos a nosso redor.

Eu respirei fundo, como que para criar coragem e peguei o copo na mão, e com o máximo de coragem que havia reunido, consegui tomar um mínimo gole. Lembrei que uma vez Rosalie havia me desafiado, eu havia pulado fora e ela riu de mim; o simples gesto de Rosalie, se eu o tivesse encarado antes como um desafio, não estaria apavorado agora... Mas... A sensação era estranha, mas não era tão repugnante como eu esperava. Me senti até aliviado e vitorioso. Quase que como se tivesse concretizado um grande feito.

Foi quando ela voltou a perguntar.

- O que você sente Jasper? Pode me ouvir? - Eu fiz que sim com a cabeça em resposta.

Ela se abaixou na minha frente para me olhar nos olhos, até o momento eu ainda encarava o copo de água como uma realização e tanto, e olha que eu não havia tomado mais do que algumas gotas... eu estava em êxtase. Ela começou a testar meus reflexos com movimentos dos dedos para que eu a seguisse com os olhos, confesso que achei interessante fingir que eu tenho reflexos lentos assim como os humanos comuns, tudo estava sendo como um desafio e eu tenho que admitir que gosto de desafios.

Carlisle ainda me encarava com preocupação de que eu reagisse da forma errada. Mas na verdade, no momento, eu estava tão impressionado com o altruísmo da garota na minha frente que não poderia atacá-la. Em fim, todo o cuidado que ela me dedicava no presente momento me lembrava do próprio Carlisle com seus pacientes, que eu acreditava, até então, ser o único médico realmente apaixonado pela profissão. Bem, por sorte, eu estava errado, parece que existem outras pessoas boas no mundo.



Carlisle

Mel estava preocupada com Jasper, e eu com ela. Ela estava abaixada na frente dele. Se ele quisesse, ela seria uma presa fácil, nem eu e Alice poderíamos pará-lo. Ela lhe deu um copo de água, que eu achava que ele não beberia, e começou a testar seus reflexos.

Eu não sabia dizer qual havia sido exatamente o problema de Jasper, mas ele estava segurando muito bem. Eu tão pouco sabia dizer qual era o problema de Alice, ela estava parada sem reação, seu rosto estava com uma feição de preocupação, mas parecia que não era exatamente com Jasper. Não parecia que ela prestava atenção em alguma coisa a sua volta, na verdade. Eu cheguei perto dela e a toquei no braço.

- Alice?

Ela pareceu reagir.

- Ah?

- Está acontecendo alguma coisa? - Eu a perguntei quase que em um sussurro.

- Eu não sei... - sua resposta me preocupou.

Jasper devolveu o copo de água para Mel e se levantou da cadeira.

- Eu acho que é melhor irmos.

Alice e eu concordamos prontamente, antes que ele perdesse totalmente seu controle tão desafiado no presente momento.



Jasper

Eu decidi não abusar da sorte e ir embora. Como a doutora viu que eu estava bem de reflexos, não deveria me fazer nenhuma objeção.

- Tem certeza que está bem? - Bem, eu a enganei...

- Sim, foi só um mau estar... - Ela teria que acreditar nisso.

Alice, minha fadinha, decidiu se manifestar e me ajudar na encrenca que causei sem intenção.

- Acho que ele ficou muito tempo sem comer... - opa amor, saída errada...

Carlisle a olhou preocupado e eu vi que ela fez que não com a cabeça para tentar acalmá-lo.

- Eu estava atarefado, acabei me descuidando, mas já estou melhor. Obrigado.

- Eu te ajudo, amor. - Alice me pegou no braço como se me ajudasse a manter-me em pé.

- Você tem certeza que consegue levá-lo? Esta tão preocupada... - Agora Mel falava com minha fadinha.

- Não se preocupe, eu estou bem melhor. Só acho melhor ir para casa e descansar um pouco. De qualquer forma, se não me sentir bem tenho certeza que meu pa.. sogro irá me ver. - Tentei persuadi-la e quase pisei em minhas palavras.

Carlisle veio até nós.

- Eu vou acompanhá-los até o carro.

Mel ficou lá com o copo de água na mão, mas desta vez, finalmente, não fez nenhuma objeção. Quando saíamos eu vi que o chefe de Carlisle se aproximou dela com a esposa. Provavelmente estavam perguntando o que aconteceu.

Seguimos em direção ao Porche amarelo de minha fadinha. Carlisle estava preocupado e se culpando por todo o ocorrido, como sempre...

- Jasper, me desculpe por fazê-lo vir.

- Não se preocupe Carlisle, eu não sei exatamente o que aconteceu, mas...

- Se acalme fofinho, eu sei que você não faria nada – finalmente Alice se manifestou, eu estava ficando preocupado com sua falta de reação. Talvez eu tenha dito algo errado...

Eu parei e peguei suas mãos, Carlisle parou logo atrás de nós.

- Me desculpe por hoje, querida.

- Jazz não se preocupe, está tudo bem. Você foi tão forte como eu sabia que seria.

Carlisle olhava para os lados, aparentemente preocupado com algo que não queria dizer.

- É melhor irem, então, mas me liguem se acontecer qualquer coisa - ele nos disse isso meio que preocupado em quebrar o clima e pronto para sair de perto de nós.

Nos despedimos dele e entramos no carro, rumo a nosso castelo.



Alice

Eu estava tentando entender o que estava acontecendo, mas a sensação de desolação era presente e forte demais. Senti quando Carlisle me tocou.

- Alice?

Eu olhei para ele e respondi meio que sem entender totalmente o que se passava.

- Ah?

- Está acontecendo alguma coisa?

- Eu não sei... - era duro admitir, mas eu realmente não sabia.

Jasper levantou nesse momento querendo ir embora.

- Eu acho que é melhor irmos.

Eu não poderia discordar, afinal seria perigoso deixá-lo lá tanto tempo assim. Ele tentava convencer a doutora de que não precisava de cuidados médicos.

- Tem certeza de que está bem?

- Sim, foi só um mal estar... - meu fofo respondeu confiante.

E aproveitando a deixa, decidi me manifestar.

- Acho que ele ficou muito tempo sem comer... - eu disse pensando na necessidade humana de alimentação, mas vi que deixei meu pai preocupado com a nossa necessidade não humana de alimentação. Provavelmente ele imaginava que Jasper havia ficado sem caçar. Eu balancei a cabeça somente para Carlisle indicando que eu mentia, Jasper continuou falando com a doutora.

- Eu estava atarefado, acabei me descuidando. Mas estou melhor, obrigado.

Eu cheguei bem perto dele, como que para apoiar uma pessoa com dificuldade para a locomoção.

- Eu te ajudo amor.

Nesse momento ela deve ter percebido que não adiantava argumentar com Jasper e se virou para mim.

- Você tem certeza que consegue levá-lo? Está tão preocupada...

Mas foi o próprio Jasper que respondeu por mim.

- Não se preocupe, eu estou bem melhor. Só acho melhor ir para casa e descansar um pouco. De qualquer forma, se não me sentir bem tenho certeza que meu pa.. sogro irá me ver.

Então, papai veio até o outro lado de Jasper e se prontificou a nos ajudar.

- Eu vou acompanhá-los até o carro.

Seguimos em direção ao meu magnífico Porche amarelo. Papai procurava palavras para expressar seu pesar, como eu bem o conheço. No momento ele achava que Jasper estava sofrendo por ter vindo aqui por ele, mas na verdade sei que era eu quem deveria ter feito com que ele não viesse...

- Jasper, me desculpe por fazê-lo vir.

- Não se preocupe Carlisle, eu não sei exatamente o que aconteceu, mas...

Eu sabia que ele tentava achar uma explicação, então intervi.

- Se acalme fofinho, eu sei que você não faria nada - eu estava mentindo, não sabia realmente, mas meu amor não precisava saber disso agora.

Eu percebi quando Jasper foi diminuindo o passo, parou e pegou minhas mãos, até então eu estava olhando para baixo, mas não resisti ao impulso de olhar nos seus olhos.

- Me desculpe por hoje, querida - aquilo me mortificou.

- Jazz não se preocupe, está tudo bem. Você foi tão forte quanto eu sabia que seria.

Eu vi que Carlisle estava ficando impaciente para que fôssemos, antes que Jasper fizesse algo.

- É melhor irem, então. Mas me liguem se acontecer alguma coisa - meu pai me olhou com um olhar intimador, eu já sabia que ele queria me dizer para avisar se Jasper saísse do controle.

Entramos no carro depois de nos despedirmos de Carlisle. Olhei para meu gatinho enquanto dava a partida no carro. Ele é irresistivelmente belo, mas estava com aparência de dor.



Emmett

Depois de um longo telefonema com minha princesa (sem castelo - como ela adora me lembrar), decidi que já era hora de voltar à festa. Comecei a procurar por minha família, mas não vi sinal de nenhum deles. Nessa hora me deu um frio na espinha - será que Jasper havia perdido o controle?

Avistei Mel dentre os médicos e parti até ela.

- Com licença, doutora.

Ela se virou e pareceu aliviada em me ver.

- Você sabe onde estão meus parentes?

Suas feições mudaram na hora para a de uma preocupação extrema.

- Você não sabe? Seu cunhado passou mal, a esposa dele foi levá-lo para casa. Carlisle foi com eles até o estacionamento... - fui rude e a cortei.

- Obrigada, dona - eu saí correndo em velocidade humana até sair de vista, pensando o pior pra tudo. Talvez eu ainda pudesse ajudar Carlisle a deter Jasper

Corri em velocidade vampírica até o estacionamento tomando o máximo de cuidado para não ser visto.

Encontrei Carlisle no estacionamento caminhando de volta ao salão.

- O que houve?

- Jasper não estava bem...

- Corta essa, pai. Ele quis pegar alguém? Tipo a doutora gostosinha?

Meu pai olhou pra mim com cara de incrédulo, mas, cara, eu tinha que admitir que ela era gostosinha sim. Mas a Rosalie era perfeita, eu não sairia da insinuação. Meu pai decidiu responder.

- Não, ele pareceu abatido mesmo. Deve ter sido uma concentração de emoções muito grande para ele.

- É... ele não havia se recuperado de tudo ainda... Desculpe-me pela ausência, é que quando a Rosalie começa a falar ao telefone, ninguém consegue pará-la. Ela só para quando a bateria acaba!

- Eu sei...

Me senti uma pessoa ruim por não estar lá por meu irmão em uma hora que ele precisou tanto de apoio.

- Pai, eu acho que vou embora também, vou dar uma passada na casa deles para ver se precisam de algo...

- Tudo bem. Eu vou procurar Esme, nessa confusão toda eu nem sei mais onde ela pode estar...

- Quer ajuda?

- Não, tudo bem. Veja como seu irmão está e me avise depois, por favor.

- É, eu sei que da mamãe o senhor cuida... - Epa, Carlisle fez uma cara de que a piada foi rude. - Foi mau pai, bem estou indo nessa.

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